sexta-feira, março 28, 2008

Poesias/Alberto Caeiro
CESÁRIO VERDE

Ao entardecer,debruçado pela janela,
leio até me arderem os olhos
o livro de Cessário Verde.
Que pena que tenho dele!Ele era um camponês
que andava preso em liberdade pela cidade,
mas o modo como olhava para as casas,
e o modo como reparava nas ruas,
e a maneira como dava pelas coisas,
é o de quem olha para as árvores,
e de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando,
e anda a reparar nas flores que há pelos campos...
Por isso ele tinha aquela tristeza,
que ele nunca disse bem que tinha,
mas andava na cidade,como quem anda no campo,
e triste como esmagar flores em livros,
e pôr plantas em jarros...
Alberto Caeiro