terça-feira, dezembro 07, 2010

PEDRA FILOSOFAL
Manuel Freire/António Gedeão
Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida
Tão concreta e defenida como outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzenta em que me sento e descanso
como este ribeiro manso em serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altos que em verde oiro se agitam
Como estas aves que gritam em bebedeiras de azul
Eles não sabem que o sonho
é vinho é espuma é fermento
bichinho alacre e sedento de focinho ponteaguado
que fuça através de tudo num perpetuo movimento
Eles não sabem que o sonho é tela é cor é pincel
base fuste capitel arco em ogiva vitral
pináculo de catedral contraponto sinfonia
máscara grega magia
que é retorta de alquimista
mapa do mundo distante rosa dos ventos Infante
caravela quinhentista
que é Cabo da Boa Esperança
ouro canela marfim florete de espadachim
bastidor passo de dança Colombina e Arlequim
passarola voadora pára-raios locomotiva
barco de proa festiva alto forno gerador
cisão do átomo radar ultra som televisão
desembarque em foguetão na superficie lunar
Eles não sabem nem sonham
que o sonho comanda a vida
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
COMO UMA BOLA COLORIDA
entre mãos de uma criança